Preciso saber

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Tive uma amiga considerada a mais bela do burgo por quem todos os homens viravam a cabeça e suspiravam à sua passagem. Sou testemunha desse facto quase diário. Um dia disse-me "quem me dera ser como tu" Eu, a caixa de óculos com fundo de garrafa?





Muitos anos depois percebi-a "ter um corpo que não lhe pertencia"












Nos últimos tempos "peguei-me" com dois machos: não conseguindo ou não querendo  argumentar pelo facto de ser mulher, não interessa, a arma mais poderosa que encontraram foi a agressão verbal ao meu corpo.





Tal não me incomodou absolutamente nada pelo simples facto de compreender as suas limitações emocionais a este nível e eu estar mais do que tranquila com o meu corpo. Estão em campos diametralmente opostos na minha relação de afetos porém não pude deixar de "sorrir-me" pelo padrão comum.

Claro que não é só deles pois tal vem descrito em qualquer manual  de auto-ajuda tipo "como ser um bom machista na gestão de conflitos com elas"
😅😅😅😅😅😅😅😅😅😅




A pergunta que me coloco é:  por que os homens usam este recurso? O que tem a mais ou a menos o corpo de uma mulher para ser usado como arma dissuasora na capacidade argumentativa?


Ao caminhar pelas ruas, Malèna desperta a atenção de todos, o desejo de homens e a inveja das mulheres. Elas odeiam Malèna, tanto por não serem como ela, quanto por verem seus maridos atraídos e deslumbrados pela deusa de cabelos castanhos.

As mulheres da vila, aproveitando a oportunidade de desforra, pelo passo condenável de Malèna, unem-se e a agridem, humilhando-a, acabando por expulsá-la da cidade. A cena de humilhação começa com a retirada de Malèna do hotel, arrastada pelos cabelos, por mulheres furiosas.


A beleza, neste filme, é subversiva por incitar o ódio, causando, com isso, a própria destruição. Provoca o ressentimento das mulheres, a cobiça dos homens. Para quem possui um belo corpo, um belo rosto, tal dom converte-se em mal, e não em bem. Tornatore, com esta visão, subverte o conceito que a beleza vem recebendo na tradição ocidental. No ocidente, o belo é sinônimo de bom, é respeitado, admirado, mas raramente odiado. Os sentimentos de inveja devem ser sublimados, e jamais confessados.


in A beleza subsersiva 






Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni





quinta-feira, 9 de abril de 2020

O capitalismo predatório não tem esquerda nem direita

Silêncio por favor que a matança a sério ainda não começou.

COVID-19 e o manto de silêncio por António Garcia Pereira

aqui 

O nosso País está hoje submetido a uma abafada e opressiva atmosfera que, em nome da “união nacional” ou do “patriotismo”, impede e exclui que todas as opiniões, críticas e até simples relatos de factos que saiam “fora da caixa” e não correspondam à ideologia oficial sejam minimamente conhecidos, e muito menos que cheguem à generalidade da opinião pública.

Assim, e de uma forma geral, para além de noticiários extensíssimos – de hora e meia a duas horas – reproduzindo à exaustão as noticias de serviços informativos anteriores, a que se seguem programas ditos de entretenimento de uma indigência intelectual atroz, o que sobretudo temos são, muito mais do que programas de investigação séria e cuidada, horas e horas de comentários de opinadores de serviço. Que se apresentam como sabendo de tudo e que não raras vezes não só ocultam que dizem agora o contrário do que doutamente previram há um mês atrás, como tratam de escamotear as graves responsabilidades que inquestionavelmente têm (nomeadamente enquanto governantes) na situação extremamente debilitada em que a COVID-19 veio encontrar o nosso SNS.

É preciso ter desaforo, mas, na presente situação, está assim fora de causa que se consiga ouvir uma só voz que seja a interpelar um desses farsantes e a confrontá-lo, como merece, com as opções políticas que adoptou e executou quando esteve no governo.

As perguntas que não se fazem

E isto como se não fosse legítimo, por exemplo, os cidadãos portugueses questionarem por que razão hão-de acreditar agora naquilo que diz a Ministra da Saúde, Marta Temido, quando ela foi demitida de Presidente do Conselho Directivo da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), por o Tribunal de Contas – no seu relatório de auditoria nº 15/2017 (2ª Secção), de 12/9/2017 – ter posto a nu que essa entidade manipulava e falsificava os números das listas e dos tempos de espera dos pacientes do SNS, sem que até hoje a Ministra o tenha reconhecido e muito menos pedido desculpa por isso?

E não é mais que legítimo questionar também a sinceridade de quem, como a mesma Ministra Marta Temido, agora aparece a elogiar os profissionais de saúde, em particular os médicos e sobretudo os enfermeiros, proclamando que os portugueses “estão entregues aos melhores”, quando há um ano ou ano e meio atrás os atacava e insultava violentamente, apontando-os como seres oportunistas, irresponsáveis e até selvagens, ao serviço de grupos privados da Saúde, sem nunca se ter retratado nem pedido desculpas por tais barbaridades?

E, enfim, não é igualmente de todo justificado – mesmo sem pôr em causa a competência técnica e até a honestidades intelectual da Directora-Geral da Saúde, Graça Freitas – questionar se não era preferível, há um mês atrás, ter logo reconhecido que Portugal não tinha equipamentos individuais de protecção (como máscaras) e testes em número suficiente para equipar e testar todos os profissionais de Saúde (muito menos os bombeiros, forças policiais e de protecção civil, bem como os funcionários dos lares de idosos, e menos ainda esses mesmos idosos) e antes se tenha posto a invocar alegadas recomendações técnicas que teve depois de abandonar perante as evidências científicas das experiências de outros países (como o da República Checa quanto às máscaras) e das próprias indicações da OMS (quanto ao testar, testar sempre e cada vez mais), bem como das críticas de entidades como o Conselho Nacional das Escolas Médicas e as Ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Farmacêuticos?

Não teria sido melhor reconhecer logo as nossas falhas e insuficiências e tratar de as suprir com todas as nossas forças, em vez de logo desatar a gritar, à péssima maneira do antes do 25 de Abril, que as pessoas ou entidades que fizeram essas críticas e chamadas de atenção não passariam afinal de “politiqueiros”, senão mesmo de agitadores ou provocadores ao serviço de interesses inconfessáveis?!…

Mais! As entrevistas a responsáveis políticos apenas são possíveis se forem “fofinhas” e permitirem, por exemplo, a António Costa não ter sido nunca questionado sobre esta “brilhante” e enfática afirmação que fez numa entrevista à TVI em 23 de Março último: “Até agora não faltou nada no SNS, e não é previsível que venha a faltar o que quer que seja”.

É certo que, como diz o Povo, pela boca morre o peixe. Contudo, para isso, era preciso que houvesse um pescador-jornalista que não deixasse passar em claro Sua Excelência, mas a abafada e opressiva verdade é que não houve afinal nenhum.

Como não houve nenhum que confrontasse Marcelo Rebelo de Sousa sobre as suas declarações elogiosas acerca dos Bancos, depois de ter reunido com eles durante duas horas e meia, Bancos esses que ainda não anunciaram uma só medida dita – mesmo que só dita! – de combate à crise.

Ao invés, o que temos tido é: silêncio absoluto sobre os 25.000 milhões de euros que, numa dúzia de anos, os trabalhadores portugueses tiveram de meter nos mesmos Bancos supostamente para evitar a sua falência, sendo que, passados todos estes anos, nem um só banqueiro fraudulento se encontra preso e 20.000 milhões continuam lá enfiados; continuação da imposição, sobretudo aos pequenos devedores, nomeadamente particulares e pequenas e médias empresas, de taxas de juro efectivas absolutamente exorbitantes (da ordem dos 4%), bem como das comissões astronómicas cobradas aos pequenos depositantes, designadamente a título de uma inexistente gestão da conta; exigência – já proibida em diversos países europeus – de garantias  pessoais dos sócios de uma PME, como avales e letras e livranças em branco, para a concessão de empréstimos, etc., etc., etc…

E há alguém que questione – e essas questões sejam depois amplamente conhecidas de leitores, de ouvintes e, sobretudo, de telespectadores – quer o laudatório Presidente, quer os “donos disto tudo”? Não, claro que não…

A censura…

E se uma entrevista “oficial” sai um pouco que seja desse registo da “fofice” e da “unicidade” (como alguns consideram que terá sucedido na entrevista feia pelo Jornalista da RTP, Carlos Daniel, em 5 de Abril, à Ministra da Saúde), eis que saltam, designadamente na empresa e sobretudo nas redes sociais, as “corajosas” tropas de choque afectas ao governo, insultando de todas as formas o jornalista “prevaricador”, valendo tudo, inclusive chamá-lo, indirecta, mas muito claramente, de “chulo”(!?). Apenas porque confrontou Sua Excelência a Ministra com a incongruência das suas posições, por exemplo, a propósito do uso das máscaras e das faltas de meios materiais e humanos no SNS. Em suma: ou é a voz do dono que se faz ouvir, ou não tem direito à palavra! E ainda dizem que isto é uma Democracia!…

Ora, é exactamente este ambiente de censura acerca daquilo que não convém que se saiba que está afinal a impedir que se conheça quer a real extensão da verdadeira tragédia que está a atingir centenas e centenas de milhares de trabalhadores, quer o combate, verdadeiramente heróico nalguns casos, que alguns deles estão a ousar travar. A lógica dominante é lastimavelmente esta: a Pátria, desculpem, a política governamental não se discute e, logo, há que abafar a todo o custo esses factos e as vozes dissonantes.

A real situação dos trabalhadores

A OMS estima que, no final desta crise, mais de 190 milhões de trabalhadores estarão em todo o mundo desempregados, 15 milhões dos quais, pelo menos, só na Europa. Em Portugal, os números oficiais apontam para que, neste momento, já mais de 500 mil trabalhadores tenham sido colocados em lay-off. Somem-se a estes muitos trabalhadores ditos por conta própria como os trabalhadores “à chamada” ou on call, os comissionistas, inúmeros taxistas e ainda outros trabalhadores independentes como artistas, e também advogados e solicitadores, estes últimos com a particular circunstância de descontarem, não para a Segurança Social, mas para uma Caixa própria (Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores – CPAS) que não lhes dá apoio algum e cujo Presidente da Direcção ainda se arroga mandar os Advogados “sair de casa e cavar trabalho”!…

Se a todos estes trabalhadores somarmos aqueles que operam na área do chamado “trabalho informal” ou “atípico” – ou seja, aquele que funciona por completo à margem da lei e que representa 25% do nosso PIB – nós já estaremos a falar de muito mais de milhão e meio de pessoas privadas de parte ou mesmo da totalidade do seu meio de subsistência. Sem que ninguém lhes dê voz pois só a tem, por exemplo, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e para reclamar do Estado 20 mil milhões a fundo perdido.

Mas evidentemente que aquela realidade contraria a imagem cor-de-rosa que se pretende dar – a de que se estão a proteger os trabalhadores e os seus salários – e, então, qual a solução? Silencie-se o mensageiro e abafe-se a verdade dos factos!

E é esta mesma lógica censória que tem impedido que a maioria da opinião pública conheça as barbaridades e os crimes que estão a ser cometidos pelos grandes patrões da estiva do porto de Lisboa, bem como a luta heróica que aí os estivadores e o seu sindicato – o Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística (SEAL) – lhes estão, e desde há meses, a opor.

A situação dos Estivadores – uma vez mais e sempre

Na verdade, o que se vem passando no porto de Lisboa é verdadeiramente estarrecedor e consiste no seguinte:

Os patrões da estiva do porto de Lisboa, com o grupo turco YLPORT (um gigante a nível mundial da actividade portuária e da estiva) à cabeça, criaram uma empresa que lhes assegurasse a prestação de trabalho portuário por estivadores contratados através de tal empresa, a Associação Empresa Trabalhos Portuários de Lisboa (AETPL), da qual são assim, simultaneamente e para o que lhes interessa, donos e senhores (enquanto titulares do respectivo capital social) e clientes (enquanto recebedores ou beneficiários da actividade dos estivadores).

Tendo-se visto forçados, por virtude da luta dos estivadores e do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal (SEAL), a celebrar com este um contrato colectivo de trabalho há cerca de três anos atrás e, em 2018 e 2019, dois acordos de aumentos de salários (pois que estes não eram actualizados há nove anos), os referidos patrões da estiva, através da AETPL, nunca cumpriram nem com o contrato colectivo nem com os referidos dois acordos. E, mais do que isso, gizaram um plano, tão maquiavélico quanto ilegal, para se verem livres da contratação colectiva e dos estivadores filiados no SEAL.

Primeiro, na qualidade de donos da AETPL, não actualizam (desde há 20 anos!!) o tarifário dos serviços por esta assegurados e depois, agora na qualidade de clientes, não lhes pagam tais serviços. Desta forma fraudulenta, provocam não só salários em atraso aos estivadores filiados no SEAL (que, assim e por esta razão, nos últimos 18 meses, receberam os seus vencimentos em cerca de 50 prestações!), como a insolvência da própria AETPL, com a sua consequente extinção, o desaparecimento da contratação colectiva e o despedimento dos estivadores filiados no SEAL.

Perante esta inefável manobra, os trabalhadores decretaram greve (assegurando os respectivos serviços mínimos), exigiram dos patrões a imediata cessação de todas as ilegalidades e reclamaram do governo que interviesse para pôr cobro à fraude e ao golpe em curso.

Os patrões – decerto cientes de que têm as “costas quentes” pela parte de um governo que sabe ser forte com os fracos, mas é de todo reverente e submisso com os fortes – prosseguiram na manobra, trataram de intensificar as discriminações, as ameaças e as perseguições e atreveram-se até a fazer lock-out, impedindo os estivadores escalados para os serviços mínimos de os irem prestar.

E o que fez o governo do Sr. António Costa? Junto dos patrões, nada! Já contra os trabalhadores apressou-se a decretar a requisição civil de que tanto gosta.

O que se seguiu então é verdadeiramente indizível! Os patrões da estiva consumaram a apresentação da AETPL à insolvência, mantiveram os salários em atraso e intensificaram as manobras persecutórias, instaurando um, dois ou até mais processos disciplinares visando o despedimento contra todos os seus estivadores profissionais do SEAL, muitos deles com décadas de experiência profissional. Ao mesmo tempo que tratavam de contratar trabalhadores mais precários e com salários menores através de outra empresa por eles criada (a Porlis)!?

Os próprios administradores do grupo YLPORT, cercados de “gorilas”, andaram a percorrer os diversos terminais do porto de Lisboa, ameaçando directa e explicitamente os trabalhadores que aí se encontravam.

Não contentes ainda com isto – e sabedores da impunidade que o governo lhes confere – contrataram seguranças não só para exercer a actividade de estiva em substituição dos estivadores, não obstante não possuírem habilitações para tal (com todos os riscos de segurança e saúde daí decorrentes), como para procurarem intimidar ainda mais os estivadores em luta.

E, segundo informa o SEAL, o arrogante desplante de tais patrões é de tal ordem que, inclusive desrespeitando as regras legais em vigor sobre o confinamento geográfico e sobre a proibição de funcionamento de escolas e de concentração de pessoas em recintos fechados, estão a levar a cabo, em pleno estado de emergência, aulas ditas de formação, em salas fechadas, com dezenas de formandos.

Não obstante todos estes desmandos, toda a cobertura do governo e todas as ameaças e perseguições, o que fizeram o SEAL e os seus associados estivadores? Não desistiram da luta, não deixaram de denunciar as falcatruas e arbítrios patronais, procuraram assegurar o funcionamento mínimo do porto de Lisboa, completamente sabotado pelo grupo YLPORT e companhia, e já marcaram uma nova greve a partir de 3 de Junho próximo!

Ora, aquilo que a propaganda oficial pretende impor é o desconhecimento pelos cidadãos portugueses, e em particular pelos trabalhadores cujos direitos estão, por esse país fora, a ser atacados e inutilizados por todas as formas, não apenas o conjunto de incomensuráveis ilegalidades que o “Estado de Direito” e a “Democracia” do Sr. Marcelo e do Sr. Costa permitem impunemente aos fortes e aos poderosos, mas, mais do que isso, é este exemplo dos estivadores do porto de Lisboa e da sua corajosa e exemplar luta.

E aí é que está verdadeiramente o problema! Grandes patrões e governantes estremecem perante esta questão: e se este exemplo é conhecido e, pior, é seguido?

É por tudo isto que, ainda e uma vez mais, mas agora com um significado verdadeiramente nacional, a grande e empolgante palavra de ordem dos estivadores em luta ganha uma nova e muito mais ampla dimensão e importância: “Nem um passo atrás!”.

Os trabalhadores devem, pois, unir-se, organizar-se e resistir. Porque só é verdadeiramente vencido quem à partida desistiu de lutar…



quarta-feira, 8 de abril de 2020

Santo Buescu _/\_

Se continuarmos a desvalorizar as suas análises e da sua equipa poderemos deitar tudo a perder

Fonte

NÃO, NÃO HOUVE PICO DE INFECTADOS! E COMO SABER POR SI MESMO SEM OUVIR TELEJORNAIS


Adenda 20:31 então não é que o pessoal desandou em direção ao Algarve?! 


Mereceu grande destaque na Comunicação Social a reunião de ontem à porta fechada no Infarmed, entre a classe política e as autoridades sanitárias, na qual terá sido afirmado que o “pico” poderia ter ocorrido em Março passado. Esta afirmação, de paternidade nunca assumida, foi dada em todos os telejornais em cambiantes ligeiramente diferentes: poderia ter sido na semana de 23 a 27 de Março, no dia 26 de Março ou em “finais de Março”. O Expresso noticiava à noite 26 de Março, tendo entretanto alterado para “finais de Março”).

Vou supôr, em todo este artigo, que esta afirmação se refere ao pico de infectados activos, que é a variável relevante dos modelos epidemiológicos do tipo SIR e em termos práticos é a que realmente nos interessa como cidadãos: é o número de doentes que hoje têm a doença. E reafirmo que, como sempre fiz, os meus cálculos têm por base exclusiva os Boletins da DGS, que tomo como bons.

Será então verdade que o pico desta curva foi atingido em Março?

A resposta é o mais rotundo “NÃO!”

Não sei de onde surgiu a afirmação fantasiosa de que o pico de infectados já teria sido atingido. Qualquer pessoa que faça modelação, como a minha equipa, ou mesmo que faça um simples fit aos dados, como há tantos cidadãos a fazer, sabe que a curva dos infectados activos passou o ponto de inflexão, deixando a fase exponencial, em 31 de Março-1 de Abril, e está agora na fase sigmóide de subida para o pico. A manterem-se os parâmetros actuais este será atingido nunca antes da segunda quinzena de Abril, mais provavelmente para o final do mês.

Dizer que houve um pico de infectados em Março é não apenas uma afirmação errada como, na minha opinião, extremamente perigosa pois induz em erro, transmitindo a uma sensação de falsa segurança e a um eventual relaxamento no cumprimento das medidas de contenção. Estamos em plena subida para o pico dos infectados activos, que é a altura mais perigosa do surto.

É muito fácil compreender que é errada. O leitor pode detectar no conforto de sua casa quando é atingido o pico no número de infectados activos, da forma que vou explicar. O número de infectados activos em cada instante é o número de novos infectados, ou casos confirmados (C), surgido de um dia para o outro, subtraído do número de casos de doentes entretanto removidos (R), que são os recuperados mais os óbitos.

Portanto a receita para calcular o número de novos infectados activos a partir dos Boletins da DGS é muito simples: sendo os números que aparecem nos Boletins os totais acumulados, basta comparar Boletins da DGS de dois dias consecutivos e fazer as diferenças para saber os números de novos casos, novos recuperados e novos óbitos de um dia para o outro. Basta fazer três contas de subtrair.

Calculamos o número de novos infectados fazendo a diferença entre os casos confirmados (NC) de um dia e os do dia anterior; calculamos o número de novos recuperados (NR) e de novos óbitos (NO) da mesma forma. E agora fazemos a diferença, para calcular o número de novos infectados activos: NA= NC – (NR+NO). Enquanto este número for positivo, ainda estamos a crescer em direcção ao pico pois o saldo é positivo. Quando este número passar a negativo, passámos o pico, passando a ter cada vez menos infectados activos. O mais provável é que esta transição não seja brusca, num só dia, e que quando estivermos a passar pelo pico este número tenha pequenas flutuações diárias entre positivo e negativo – o famoso “planalto” de que fala a DGS.

Mas, que não haja dúvidas: ainda estamos muito longe dele!

Dou um exemplo destes cálculos com as contas de hoje. Anexo os Boletins da DGS de hoje e de ontem (note-se que os dados do Boletim de cada dia são sempre relativos ao dia anterior). Neles podemos verificar que, no Boletim de 7/4/2020, havia os acumulados de 12442 confirmados, 184 recuperados e 345 óbitos. No de hoje, 8/4/2020, há o acumulado de 13141 confirmados, 196 recuperados e 380 óbitos. Portanto NC = 699, NR = 12, e NO = 35. Consequentemente, o número de casos activos teve a variação NA = 699 - (12+35) = 652. Há mais 652 casos activos do que ontem. Contra factos não há argumentos: estamos a subir a montanha dos infectados em direcção ao pico, que ainda está longe.

Esqueçamos afirmações vagas e enganadoras: a partir de hoje cada um de nós pode fazer as contas no conforto do lar, por si próprio, a partir dos boletins da DGS, e extrair a conclusão sobre o que está na realidade a acontecer, sem ler jornais ou ouvir telejornais. E ter a certeza de quando é atingido o pico, e ver quanto tempo ficaremos no planalto, e verificar quando a curva começa a descer, e a que ritmo essa descida se dará. Mas isto ainda está tudo no futuro: nunca acontecerá antes da segunda quinzena de Abril, e isto se mantivermos a nossa disciplina colectiva como até aqui.

A afirmação de que teríamos atingido o pico, além de errada, parece-me extremamente perigosa, pois induz uma falsa sensação de segurança na população, levando-a a pensar erradamente que "já conseguimos", afrouxando os comportamentos que tão bons resultados têm dado, alterando os parâmetros e pondo em risco a evolução futura das curvas. E isso, numa altura como a Páscoa, transmite todos os sinais errados à população.

Pessoalmente, estou muito desiludido com a falta de rigor com que este assunto está a ser tratado. Como escrevi ontem, afirmações erradas como esta lançam falsas expectativas para consumo geral, dando a ideia de que somos tratados como crianças que não estão preparadas para ouvir a verdade e têm de a ir recebendo em doses homeopáticas. Para que o sacrifício de todos nós compense é necessário que toda a informação seja rigorosa e passe a ser comunicada com as maiores transparência e clareza.

Jorge Buescu

8/4/2020

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domingo, 23 de fevereiro de 2020

O lado escuro das vidas

Não podemos negar o lado escatológico da vida.

Dependerá exclusivamente de nós ai querermos permanecer?
Não sei
Sei que conheço pessoas que só ai se sentem bem e fujo delas como o diabo da cruz.

Por mim prefiro o canto dos pássaros que já chegaram ao meu beiral.
Será que alguma vez de cá sairam?

Não tivesse eu a casa atulhada de tanta tralha e faria esta coleção









aqui

sábado, 4 de janeiro de 2020

Não é verdade que somos nós maioritariamente os corresponsáveis

Finalmente anda por ai tudo a falar de consumo e de corresponsabilidade
Porém mais uma vez estão a cair na cantiga do bandido

Óh minha gente deixem de ser manipuláveis
Irra!
😅😅😅😅😅😅😅😅😅😅😅


domingo, 8 de dezembro de 2019

Filhos retirados às mães

É na próxima quarta-feira dia 11 a votação.

O PAN que se bate pelas condições animais é o mesmo que não vê problema na obrigatoriedade da residência alternada. Mesmo com as exceções introduzidas no seu texto é preciso lembrar que não há condições de exequibilidade para que tal aconteça.

É isto que irá acontecer aos filhos e mães da raça humana em Portugal.











A natureza decidiu que os filhos são para ser cuidados pelas mães. Quantas espécies animais há em que que elas são apenas parideiras e depois criadas progenitores machos?


Há mulheres que são más mães?
Há.
Quantas?
Há pais que são bons pais?
Há.
Quantos?

Façamos umas contas simples
em 2005 (1) nasceram 104 000 (2) crianças que hoje terão 14 anos.

Destes 104 000 quantos têm os pais divorciados?
Quantos estão em situação de risco familiar?
Quantos foram violados e abusados pelas mães?
Quantos foram abusados e violados pelos pais?
Quantos foram abandonados pelas mães?
Quantos foram abandonados pelos pais?
Dos divorciados a quem a guarda das crianças foi atribuída à mãe quantas mães meteram ações em tribunal por os pais se recusarem a dar a pensão de alimentos?
Dos divorciados a quem a guarda das crianças foi atribuída ao pai quantos pais meteram ações em tribunal por as mães se recusarem a dar a pensão de alimentos?
Sabemos que estes números não podem ser lidos em bruto pois por tradição as crianças são atribuídas à mãe mas façamos as extrapolações necessárias.

Dêem-me números que provem que a residência alternada é a melhor solução para as nossas crianças.
Até lá temos que dizer que não é e que é conta natura

Há vários estudos que indicam que pode ser contraproducente para uma criança esta obrigatoriedade da residência alternada.
Mais uma vez será o juiz dono e senhor das suas decisões (tire o leite e vá lá levá-lo); ora sabendo nós como a justiça está cá no retângulo, sabendo nós da falta de técnicos devidamente formados para estas questões vai ser o caos.

Aceito perfeitamente que há pais que reivindiquem não ser meros espetadores dos seus filhos ou pais de fim de semana. Que queiram participar mais mas quantos estão em condições emocionais de o fazer?


Esta história da igualdade para o emprego que as mulheres exigem ou as condicionaram a exigir implica que elas abdiquem dessa função com as consequências por demais conhecidas das depressões em crianças.

No fundo isto é mais uma forma de fazer das mulheres escravas retirando-lhes um direito natural para lhes ser exigida a sua participação em outras dimensões da vida.
Aposto que se dessem um ordenado tipo ordenado mínimo a quem ficasse em casa com os filhos quantos homens aceitariam fazê-lo?
Quantas mulheres aceitariam?

Logicamente que teria que haver sempre o controle dentro do razoável para evitar os abusos.

Sim há que ler A História de Uma Serva de Margaret Atwood e não venham com a conversa de que é literatura como me contaram esta semana a propósito de um conto que incomodou algumas "almas humanistas".
Se a literatura não servir para imitar o real e produzir ação sobre ele para que serve?


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(1) dados do pordata
(2) para o que aqui me trás deveríamos excluir os nascimentos sem pai conhecido, de crianças orfãs... esses números sendo residuais não entro em linha de conta com eles e os que aqui apresento são meramente instrumentais para explanar o raciocínio que pretendo apresentar: decisões tomadas num suponhamos e não assentes em dados.