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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Carta aberta ao Daniel Oliveira, de futurólogo a corresponsável no ressurgimento do fascismo

Este post foi editado e corrigido várias vezes 
não alterando o essencial do assunto :)

Como agora é moda aqui vai.
Estimado Daniel, espero que estas palavras o encontrem de boa saúde que nós por cá folgamos bem aquilo que ganhámos.
Estou zangada consigo ou mais melhor bem dito: o Daniel é um idiota chapado com a mania que é esperto.
Eu sou uma mulher de esquerda que pensa pela própria cabeça e não tem medo de uma briga mesmo que seja com figuras públicas com responsabilidades, enquanto "pensador" no meu pais.
Já sei que o argumento de que não sabe quem sou mandará diretamente para o caixote do lixo estas palavras. Deixe lá. Outros as lerão sem se preocuparem com quem sou.
Então aqui vai,



Dedico esta minha zanga ao Daniel Oliveira e todos os "DO" que são corresponsáveis pelos populismos e consequente reaparecimento do fascismo

MayaHelena e Paulo Cardoso, entre muitos outros, que se cuidem pois têm um concorrente à altura.

Com que então as touradas irão naturalmente desaparecer!
Também a Europa e as esquerdas pensavam e apregoavam sobre o fascismo  "para que não se repita e nunca mais"
Ele ai está, em força!


É dos tratados que nem sempre uma ração cara é a melhor ração. Tal como nos humanos saber ler rótulos impõem-se. Assim como as grandes corporações alimentares e farmacêuticas nos querem doentes, como Mariana Mortágua denunciou também as corporações de rações animais não pugnam pela saúde dos bichos sejam para consumo ou para companhia.

Dá muito trabalho fazer a comida para eles? Ah pois dá mas parir um filho e criá-lo de um modo decente também dá. A chatice que é dizermos que um não é um não para que aprendam que um não é um não seja em que circunstância da vida for.

Depois vem a questão da comportamentalista. Oh Daniel esclareça-me lá: o seu cão é um traste que precise de sessões de psicoterapia? Se calhar até psicanálise. Não me diga que ponderou mas teve vergonha de o dizer.

Não querendo puxar dos galões tenho a dizer-lhe que sou mãe de 7 crias; 3 paridos, os meus filhos, e 4 adotados, 2 cães e 2 gatas. O trabalho que todos eles me deram e dão, cada um com a sua especificidade, não noto grandes diferenças: noites em claro por causa de doenças, apanhar vomitado do chão, apanhar os cocós com a minha ciática a refilar, controlar os génios em que um não é um não, ver se há carraças e pulgas, escovar, limpar os ouvidos, cortar as unhas, dos banhos então é um ver se te avias a limpar de seguida a casa de banho do teto ao chão, os passeios quer faça sol ou chuva, arranjar artimanhas para dar a medicação que detestam de modo a não a cuspirem, fazer a comida... Ah pois é Daniel os meus filhos, os paridos e os adotados comem comidinha caseira. São menos umas horitas no Facebook, menos umas páginas do livro que se anda a ler, e uma comportam€ntalista que não recebe uns bons trocos. Sim, pelo que me informaram a coisa não é barata.

Ou então, o que é o meu caso tenho uma empregada cuja condição para aqui estar foi adorar todo o tipo de animais, não se importar de cozinhar para ambos os que por aqui circulam (e no meu dia de folga semanal lá passamos as duas uma tarde a adiantar refeições saudáveis para as 3 espécies), não embirrar com os pelos que os bichos vão deixando ou com as meias espalhadas pela canalha.

Daniel, há pessoas para quem ter um filho é uma obrigação social não sentindo a mínima apetência para ser pais e dai o estarem-se a borrifar para o seu crescimento saudável em termos emocionais "hão-de sobreviver como eles sobreviveram" e para compensar essa pouca disponibilidade de afeto compensam-nos comprando tudo e mais alguma coisa ao simples estalar dos dedos. Depois, hoje em dia, também há um grupo de pessoas para quem ter animais em casa é uma questão de status. Digamos que é cool mas tal como aqueles que não têm a mínima competência para ser pais também estes não têm competência para os ter que se traduz sobretudo em tempo e afetos para a bicharada. Diz-nos o Daniel que as pessoas "não o faz por uma "crescente generosidade para com todos os seres vivos" e dai, digo eu, compensá-los com "comida cara, treino semanal numa comportamentalista, passeios diários [é o Daniel que os dá com o canídeo? Quanto tempo? Brinca com o bicho ou vai agarrado ao telemóvel? Socializa com outros cães?], atenção como se fosse uma criança" [gostava de ser mosca para ver a qualidade dessa atenção]. Muito sinceramente, Daniel Oliveira, palpita-me que se enquadra neste grupo dos que é cool ter bicharada em casa.





E por último a frequência de uma escola de treino em que os meus caninos sempre por lá passaram. Estamos a falar de 2000 em diante  na qual só os "doidos" ou os convencidos que eram mais do que os outros (2 dos epítetos que mais ouvi) o faziam. Seguiram as regras que qualquer treinador decente fará: o treino é feito em simultâneo com o dono e com outros cães. Sabe Daniel é que obedecer ao treinador é uma coisa e obedecer ao dono é outra. Esta bicharada é mais inteligente do que nós pois como ouvi alguém dizer "nós só agora, com as novas ferramentas tecnológicas, os estamos a começar a cmpreender, eles estudam-nos há 36 mil anos. Não, não se tratava de uma escola dessas comportam€ntalistas com formação e certificação tirada sabe-se lá onde, se é que não passa de um discípulo televisivo do César Milan. Mas de gente consciente que se reuniam, por amor à camisola, para partilhar conhecimentos, entre os quais elementos das equipas cinotécnicas das diferentes policias e no fim íamos todos beber umas cervejolas a acompanhar chouriço, queijo e pão que cada um fazia questão de trazer e partilhar com todos. Sabe que agora há muitos treinadores caninos certificados na escola dos €€€€. Faz-me confusão de repente o país estar cheio deles. Mas enfim o Daniel lá saberá, como homem informado que é estou em crer que analisou bem as credenciais da dita comportamentalista, mas sou levada, pelo que diz, e se estiver errada corrija-me, que entrega o bicho à tal comportamentalista que talvez também seja "passeadora de cães" e vai à sua vida indo depois buscá-lo. Se calhar irá buscá-lo, passeá-lo, treiná-lo, devolvê-lo. Esta gente que tem os cães porque é cool não estará muito longe deste padrão de que nos fala Strech Monteiro que tem país a mandarem os filhos, sozinhos, de Uber às sessões de psicoterapia.

Falemos agora das pessoas que substituem os filhos pelos animais. Haverá exageros, certamente. Esses exageros que tanto o incomodam pois o Daniel confunde humanizar os animais com tratá-los com humanidade e o que é bem diferente de "apessoar". Porém, também há pais que abandonam os filhos, que os violam, que os tornam orfãos de mãe... os números estão ai para o provar.

Por mim dou-lhes os parabéns pois tiveram a lucidez e a coragem de dizer que não nascemos todos para ser progenitor. Não me diga que defende que o exercício da parentalidade está inscrito no nosso adn? Já fazer filhos, isto é dar umas quecas garanto-lhe que está.


A sua rigidez de pensamento, não é a primeira vez que o leio a falar delas, para aceitar estas pessoas que preferem os cães aos filhos está ao nível do Gentil Martins quando diz que a homossexualidade é uma anomalia no sentido de aberração. Do alto da sua sapiência, o Daniel, empanturrado das certezas sobre a anomalia/aberração que são estas pessoas não  difere muito desta gente. Pense lá, Daniel, faça uma profunda intropeção e veja lá... se pudesse, se tivesse esse poder, não as mandaria internar pelo incómodo que lhe causam?



Daniel Oliveira eu poderia perfeitamente ter ignorado o que escreveu. Fosse um desses quaisquer burgessos que por ai pululam nos comentários ou um qualquer cidadão anónimo, como eu, não teria perdido um minuto a responder-lhe mas o Daniel não é nada disso.

O Daniel tem visibilidade, tem tempo de antena nos media escritos e falados e claro tem uma página nesse grande fazedor de homens e mulheres que se chamam "redes sociais" Não é, portanto, um qualquer que escreveu umas patacoadas.
Sendo o Daniel um homem com  responsabilidades sociais e políticas, sendo um homem que se diz de esquerda eu digo-lhe que é o protótipo de mais um dos muitos esquerdista de sofá ou de caviar... são pessoas assim que fazem renascer o fascismo.

Pessoas como o Daniel deviam sair da sua bolha de conhecimento e aplicá-lo transversalmente. Está tudo escrito, analisada só falta à esquerda querer mudar os paradigmas de análise. Estará interessado nisso?

Vá ler, vá estudar e perceber entre outros Freud e Adorno .... Podia fazer-lhe um tpc mas isso significaria burridade da sua ao aceitar de mão beijada o que lhe escrevesse. Não me parece honesto de ambas as partes: eu impõr a minha visão e o Daniel aceitá-la sem espírito crítico. A tal racionalidade que tantos apregoam mas em que escorregam como em casca de banana. O tal "acriticismo" que tantos contestam mas que as igrejas de todas as eras e credos sempre souberam majestosamente usar.

Vou terminar com uma frase de um Berlinense que me é muito querido. A propósito dos atuais modos de produção da agricultura, da pecuária e das pescas. Dizia-me ele que sabemos, hoje, que em 90℅ dos casos os antigos sabiam fazer as coisas bem. Nós destruirmos todo esse saber porque não era científico e íamos destruindo o planeta. Agora a ciência tem provas de que eles tinham razão. Temos as ferramentas. Basta querermos a mudança.

Com o renascer do fascismo o princípio é o mesmo. Temos as ferramentas todas basta querermos que tal não aconteça.







Não me parece que o Daniel, conscientemente, o queira mas na prática é isso que está a fazer. A não ser que o seu ganha-pão o esteja "a vergar a mola", Não sou capaz de esquecer que quando da apresentação pública esteve presente esse "grande humanista e amigo dos portugueses" que dá pelo nome de Francisco Balsemão. Foi nesse dia Daniel Oliveira que para mim passou a ser mais um dos esquerdistas que não passam de uns cretinos e burros chapados. Mas é cool à comunicação social ter entre as suas fileiras estes pseudo-pensadores.

Sem qualquer ironia ou cinismo despeço-me com um
Namastê




No espaço de comentário que ocupa semanalmente na TSF, "A Opinião", Daniel Oliveira afirmou que o crescente relevo dado aos animais deve-se ao facto de se estar a substituir as relações humanas pelas relações com os animais.




"Não damos cada vez mais importância aos direitos dos animais por estarmos cada vez mais próximos da natureza. Pelo contrário", declarou o comentador. "Fechados nos nossos apartamentos, agarrados a animais de companhia quase humanizados, esquecemo-nos que a natureza é cruel, violenta, mortal. Até esquecemos que matamos para comer. A morte chega-nos embalada e higienizada."

Daniel Oliveira acredita que, dentro de uma ou duas décadas, a tourada irá acabar, "porque remete para uma realidade que está a morrer, o que não é necessariamente bom". "O mundo rural também vai acabar", afirma. "O fim das touradas não impedirá o regresso do circo romano, porque não há qualquer relação entre as duas coisas."

Para o jornalista, os direitos humanos e os direitos dos animais não podem ser incluídos no mesmo plano, "por mais importantes" que estes sejam, e quem humaniza os animais desta forma, não o faz por uma "crescente generosidade para com todos os seres vivos". "Até suspeito que seja o contrário. Vamos substituindo as relações com humanos (difíceis e paritárias) pelas relações com animais (fáceis e dominadoras)", atira.

"Também eu tenho uma cadela e dois gatos que adoro quase como se fossem pessoas e a quem dedico um tempo que noutro tempo ninguém dedicaria: comida cara, treino semanal numa comportamentalista, passeios diários, atenção como se fosse uma criança", expõe o comentador. "Mas o mundo é mais do que os meus afetos e necessidades. É o planeta que não soubemos proteger até entrar em colapso, porque estamos cada vez mais longe da natureza. Tão longe que amamos cães como se fossem filhos. Tão longe que substituímos o ambientalismo pela sua versão infantil e urbana: o animalismo," conclui.